Uma infelicidade que vai da raiva até a perplexidade.
Um sol bem escondido entre nuvens pesadas.
Cumulus nimbus de dor e tristeza. São Paulo fria com chuvinha fina.
Mostro os dentes para os que caminham pela rua.
Xingo mentalmente quem me perturba.
O inferno é aqui.
A impotência de saber que nunca daria certo com você.
E olho meu rosto no espelho e a dor está lá,
bem no fundo desse poço quilométrico dos meus olhos egípcios.

E tô lá dentro dos olhos da serpente
da grande pirâmide
e ao invés de experimentar a iluminação total
ou vislumbrar aqueles deuses hipnóticos, Ìsis ou Osíris -
eu prefiro tomar uns tragos e fumar uma cigarrilha perfumada.

Do alto da pirâmide no meio do deserto,
dá prá ver a cidade do Cairo, Jerusalém, Rio e São Paulo.
Não tenho escapatória.
Afeição entranhada e solidão barulhenta.
Armadilha: a infelicidade é uma espécie de benção.
Que Alah esteja conosco.




* Foto Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Claude Lanzmann
via lanzdebesart

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| Por Prensada | quarta-feira, 10 de junho de 2009 | 09:58.