Pensei em você.Eram exatamente três da tarde quando pensei em você. Sei porque sacudi a cabeça como você fosse uma tontura dentro dela e olhei o digital no meio da avenida.

Desculpa , digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade, não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só esta vontade, quase simples de estender o braço para tocar você, faz tempo demais que estamos aqui parados conversando nesta janela, já dissemos tudo que pode ser dito entre duas pessoas que estão tentando se conhecer, tenho a sensação impressão ilusão de que nos compreendemos, agora só preciso estender o braço e, com a ponta dos meus dedos, tocar você, natural que seja assim: o toque, depois da compreensão que conseguimos, e agora.
Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura ? Faz pouco despencou uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi para saber tocá-la.Você não me conta seus desejos. Sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois aqui, poderá me dizer: não. Há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos , abro os dedos e brota. Toco. Perto da minha a boca se entreabre lenta, úmida, cigarro, chiclete, conhaque, vermelha, os dentes se chocam, leve ruído, as línguas se misturam. Naufrago em tua boca, esqueço, mastigo tua saliva, afundo. Escuridão e umidade, calor macio do teu corpo contra a minha coxa, calor rijo do meu corpo contra a tua coxa.
Amanhã não sei, não sabemos.

Pensei em você. Eram exatamente três da tarde quando pensei em você. Sei porque sacudi a cabeça como se você fosse uma tontura dentro dela e olhei o digital no meio da avenida.


* Caio F.



* Imagem via Cold Plasma

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| Por Prensada | quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 | 21:38.